Doutor em Filosofia pela USP.
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A filosofia só tem sentido se for resultado de esforço pessoal, como se fosse uma espécie de exercício intelectual que não se separa das conquistas anteriores do pensamento filosófico. Estudar filosofia é entrar pouco a pouco em uma conversa em que estão presentes Platão, Aristóteles, Agostinho, Kant… Um imenso prazer!
Ainda que não seja possível ensinar filosofia, podemos listar algumas de suas características. Imagine, por exemplo, que uma criança que acaba de ingressar na vida escolar pergunte à professora o que é a água. Ela poderia dizer que a “água é H2O”, ou então abrir uma torneira e mostrar a água. No primeiro caso, estaria dando uma definição explícita, no segundo caso, uma definição implícita. Certamente duas maneiras válidas de se explicar o que é uma determinada coisa, mas que talvez tenham pouco a dizer à criança.
É bem mais provável que a criança estivesse atrás de uma caracterização da água e não de uma definição. O que ela queria ouvir era algo como: “água é aquilo que cai do céu quando chove, que serve para matar a sede, encher os rios e os oceanos”. São características que, ainda que não a definam, sem dúvida tornam mais claro para a criança o que é a água.
Com a filosofia podemos fazer a mesma coisa.
1. Radical
A filosofia é radical porque suas perguntas questionam até mesmo os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensamento e da ação. Se estivermos falando de filosofia da ciência, por exemplo, vamos nos perguntar de que maneira a ciência se distingue da filosofia e de outros tipos de saber, quais são as características do método científico, como saber se uma teoria científica é verdadeira, e por aí vai…
2. Rigorosa
A filosofia também é rigorosa, pois é um pensamento argumentativo, todos os argumentos apresentados por um filósofo devem seguir a lógica e ser coerentes. É por causa desse rigor que a linguagem filosófica pode parecer um pouco difícil às vezes, mas não é nada que um pouco de prática com esse tipo de texto não resolva.
3. Totalizante
Você já deve ter percebido que nada escapa do campo de reflexão da filosofia. E você tem razão! A filosofia se interessa por tudo: lógica, ética, religião, educação, arte, etc… Se por acaso surge a possibilidade da biologia produzir clones humanos, lá estará o filósofo se interrogando sobre as implicações éticas dessa conduta.
4. Atitude Crítica
Essas 3 características conduzem a uma outra característica imprescindível de qualquer um que se dedique à filosofia - atitude crítica. E quando falamos em atitude crítica não significa que iremos falar mal das coisas. Filósofo não é aquele cara chato que só fala mal de tudo (bem, eu até que sou bem chato), mas aquela pessoa que procura boas razões para aceitar ou recusar ideias sobre os seus problemas. Não existe nada que não possa ser questionado.
Filósofo é aquele sujeito que, onde todos simplesmente seguem pelo caminho, para e se pergunta se realmente deve seguir por ali. E ele não faz isso porque quer ser diferente dos outros, mas porque é guiado pelo amor à verdade das coisas. Pode até ser que, depois de refletir sobre os argumentos apresentados, ele concorde com a maioria da pessoas.
5 . Tomada de posição
O fato da filosofia ser uma atividade crítica faz com que ela seja muito diferente das outras disciplinas. Em filosofia, é preciso tomar posição. Isso que significa que podemos defender tanto que o aborto seja permitido como que seja proibido; podemos tanto defender que Deus existe como que não existe. Pode-se até mesmo defender que a filosofia não serve para nada.
Pode-se defender qualquer posição, desde que se apoie em bons argumentos e se conheça a história filosófica daquela questão. Afinal, não é uma atitude muito sensata se posicionar sobre algo sem nem ao menos saber o que os mais importantes especialistas da área pensam a respeito. Isso não só é uma demonstração de humildade, como você pode - e provavelmente vai - aprender muito sobre o problema que te aflige. Pode ser que você só entenda realmente qual é a natureza de determinado problema depois de se voltar para a história da filosofia.
Enfim, ainda que não tenhamos conseguido definir o que é filosofia, ela é um pouco mais clara agora, não é mesmo?
Негізгі бет A experiência filosófica
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