Início dos anos 50. A Rádio Mayrink Veiga que andava um pouco caída, reage e vai ocupar o terceiro lugar na preferência do público carioca. E o faz pelo porta do humor.
A Rádio Mayrink Veiga, fundada em 20 de janeiro de 1926, ou seja apenas 4 anos depois da primeira transmissão de rádio no Brasil, que fora em 1922, foi líder de audiência nos anos 30, estabelecendo até um sistema de transmissões em cadeia com a Rádio Record de São Paulo, algo inédito na época. Mas com a inauguração da Tupi em 35 e da Nacional em 36 o público ouvinte, possuindo outras opções, fez com que a querida PRA-9 (esse era o prefixo dela) fosse perdendo a liderança. A simpática estação de rádio, com estúdios em edifício próprio na rua que leva seu nome... Na região central da cidade do Rio de Janeiro, deu uma guinada no inicio dos anos 50, quando as Organizações Vitor Costa assumindo, o controle da emissora, contratou produtores, redatores e artistas de renome. O foco era o humor, para competir com os programas humorísticos da Tupi e da Nacional. A Mayrink trouxe da Nacional Haroldo Barbosa, que estava criando na PRE-8 grandes programas. E contratou também Antonio Maria, um jovem vindo do Recife para se tornar no Rio de Janeiro famoso, por seu magnifico texto, por suas crônicas e suas memoráveis composições. Quem não se lembra, por exemplo de “Valsa de uma cidade” parceria com Ismael Neto. Um hino de amor ao Rio. Com vocês, os cariocas!
Outro nome importante que a Mayrink contratou foi este. Sérgio Porto. O famoso Estanislau Ponte Preta. Criador das Certinhas do Lalau. Sucesso nos anos 50. Além de admitir nomes importantes para escreverem os programas, a Mayrink contratou também bons locutores. Uma dupla que estava começando no Rio de Janeiro: Carlos Henrique e Cid Moreira. Carlos Henrique depois do sucesso no rádio, ficaria também conhecido da televisão.
E o Cid Moreira? Foi contratado pela Mayrink como locutor comercial nos anos 50, vindo de Taubaté, sua cidade natal, para se consagrar no telejornalismo. Mas nos anos 50 estava na Mayrink Veiga.
Outro locutor de voz bonita a ser contratado foi Luiz Jatobá o primeiro locutor da Voz do Brasil. Depois de sucesso no Brasil foi ser narrador de filmes da Metro em Hollywood.
E quando voltou ao Brasil nos anos 50 a Mayrink o contratou. E a Radio Mayrink Veiga seguiu com seus objetivos de investir no humor formando um elenco de radioatores humoristas que ficaria famoso no rádio e depois iria fazer sucesso na televisão, na década seguinte. Todas as noites, de segunda a sexta-feira ia ao ar uma linha de programas humorísticos. Vamos destacar um que marcou época: A cidade se diverte que era um humorístico que foi ao ar pela Rádio Tupi, depois pela Nacional, sempre escrito por Haroldo Barbosa. Mas foi na Mayrink Veiga que se consagrou. Nele havia vários quadros e um desses quadros era uma escolinha muito engraçada que vocês conhecem da televisão, mas que veio do rádio: “A Escolinha do professor Raimundo”. Foi esse programa que projetou Francisco Anísio, que depois virou Chico Anysio.
Foi nesse período que Chico conheceu Nancy Wanderley, uma das estrelas da Mayrink. Namoraram e casaram com destaque na mídia. E tiveram um filho, que hoje é o ator Lug de Paula, o Seu Boneco da Escolinha do professor Raimundo.
Um dos alunos da Escolinha era interpretado por Antonio Carlos Pires, por sinal pai da atriz Gloria Pires. Zé Trindade que veio também da “Escolinha do Professor Raimundo de A cidade se diverte”, se consagraria em seguida no cinema, atuando nas famosas chanchadas da Atlântida.Todo este esforço e ousadia da Mayrink deu bons resultados. Tanto assim que em 1959, a pesquisa do IBOPE sobre a audiência radiofônica, no então Distrito Federal, indicava a Rádio Mayrink Veiga empatada em terceiro lugar com a Rádio Tupi, ambas com 3,1%. Em primeiro lugar aparecia a Nacional com 14% e a Tamoio em segundo, com 4,5%. Por que a Tamoio estava em segundo? Por causa de sua programação criada sob o tema: “Música, exclusivamente, música”. Segundo uma ideia de José Mauro, poucos intervalos comerciais e muita música bem selecionada. Já era uma prévia do que seria a chegada das rádios FMs nos anos seguintes.
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Негізгі бет A História do Rádio: EPISÓDIO 14 - A Saga da Mayrink Veiga
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