DOCUMENTÁRIO de 1992
A Lira Mateense
A musicalidade de um povo com Datan Coelho.
De Margarete Taqueti
HISTÓRIA
Diretora, roteirista, pesquisadora, produtora, continuísta, atriz, dramaturga, cineclubista, gestora pública de cultura. Muitas foram, e são, as funções exercidas por essa mineira natural de Aimorés e radicada em terras capixabas desde a adolescência nos anos 60. Ela, que completou 71 anos no dia 03 de junho de 2024, construiu uma trajetória diversa e sempre engajada na luta pela preservação e pela difusão da memória artístico-cultural do Espírito Santo.
Sua estreia como diretora foi com A Lira Mateense (1992), documentário sobre a banda musical homônima da cidade de São Mateus e sobre o seu maestro Datan Coelho. Sua primeira ficção foi O Fantasma da Mulher de Algodão (1995), curta-metragem que apresenta a lenda urbana da mulher do banheiro para abordar as transformações da adolescência e o fantasma da ditadura. Outro importante trabalho seu, o documentário Relicário de Um Povo (2003), resultou de sua pesquisa junto ao arquivo pessoal da escritora Maria Stella de Novaes e da parceria com a pesquisadora Juçara Luzia Leite.
Seu mais recente trabalho para o cinema é o documentário Memórias do Esquecimento, longa-metragem em fase de finalização que conta com a co-direção de com Adriana Jacobsen e trata de acervos e sítios arqueológicos indígenas de São Mateus para discutir o apagamento da memória cultural local e nacional. Em seu currículo constam ainda a direção dos documentários Danúbio Azul (1995), Por Quem os Sinos Dobram (2002) e dos videoartes Ter + Ver + Comer (2003), Dietriste (2001) e Menestrel (2001).
Amiga e parceira do jornalista, crítico e cineasta Amylton de Almeida, Margarete atuou junto com ele na adaptação de textos para roteiros de cinema e foi sua assistente de direção e roteirista em Piúma: Concha (1988) e assistente de direção em Nasce uma Cidade (1989), ambos documentários. Outra parceria recorrente em seus trabalhos é com a jornalista, atriz e diretora Glecy Coutinho. Margarete foi a produtora executiva da ficção Eu Sou Buck Jones, curta dirigido por Coutinho, e com esta realizadora também dividiu a direção de dois curtas-metragens o documentário Festa na Sombra (2005) e a ficção A Passageira (2006).
Margarete ainda participou de outros dois curtas ficcionais: foi a assistência de direção e de finalização de O Ciclo da Paixão (2000), de Luiz Tadeu Teixeira, e a continuísta de Mundo Cão (2001), de Sáskia Sá.
TEATRO, CINECLUBISMO E GESTÃO PÚBLICA
Margarete iniciou seu envolvimento com o fazer artístico quando era estudante de Odontologia da Ufes no final dos anos de 70 ao integrar o grupo de teatro experimental Phantasias de Assucar. Com essa trupe estreou nos palcos como atriz no espetáculo As Interferências (1976), dramaturgia de Maria Clara Machado sob a direção de Claudino de Jesus, e também atuou em outras quatro montagens cujas dramaturgias foram criadas coletivamente e que contaram com a direção de Magno Godoy. Inspirada em seu trabalho como odontóloga, Margarete escreveu o espetáculo Boca Padrão: Uma fantasia Transreal por trás de cada Sorriso que foi montado pelo Grupo de Teatro Ponto de Partida e circulou entre os anos de 1988 a 1990.
Entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, Margarete Taqueti foi a presidente do Centro de Estudos Ludovico Persici (Celp), onde contribuiu para a fundação do Cineclube Penedo, para a criação do jornal Trippé e para realização dos Noitões de Cinema no Centro Cultural Carmélia de Souza. De 2002 a 2009, foi servidora pública na Secretaria de Estado da Cultura, onde atuou diretamente no desenvolvimento e na execução da política pública de cultura para o setor audiovisual com ações voltadas para o fomento, a difusão, a formação de público e a preservação da memória audiovisual capixaba.
Taqueti foi a secretária da primeira diretoria da ABD Capixaba, entidade fundada em 2000 para defender os interesses dos realizadores locais de audiovisual, e também participou da implantação e da definição da programação da TV Guarapari, emissora criada em 1998 e na qual atuou como produtora de diversos programas. Em 2020, Margarete foi condecorada com a Comenda Maurício de Oliveira pela Prefeitura Municipal de Vitória.
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