Tocar Fausto para o Fausto foi dos momentos mais insólitos e mágicos que vivi em palco. Graças a um convite do meu amigo Arnaldo Trindade a magia aconteceu e eu e o Miguel Bastos estávamos ali em amena cavaqueira com uma das nossas maiores referências e influências musicais de toda a vida. Foi incrível. Estávamos em Outubro de 2019. Toquei a "Rosalinda" e muitas outras músicas com o próprio autor e interprete ali ao meu lado a ouvir. Saiu-me ali em público um "Obrigado Fausto por nos oferecer tantas e belas bandas sonoras da nossa vida".
Saímos dali com o firme propósito de compor um tema homenagem a este Gigante da música portuguesa. Assim, em pouco tempo o Miguel Bastos tinha aprontado esta letra " A viagem segundo Fausto" que rapidamente se
vestiu de melodia minha que a cada passo respiram ambas, letra e música, com a fantástica obra de Fausto.
Fazia 40 anos o "Por este rio acima" e o Fausto dava um concerto na Aula Magna em Lisboa. Levamos um CD com este tema homenagem para lhe dar. No fim do espetáculo, o Fausto saiu manifestamente cansado e emocionado pelo que pareceu que não era a hora de lhe dar o CD.
Tinha a promessa de um jantar com o Arnaldo e com ele no Porto e aí seria uma boa oportunidade. Pela partida do Arnaldo Trindade, esse momento não mais aconteceu e hoje, que nos deixa o Fausto, só nos resta partilhar a homenagem musical que lhe preparamos e nunca chegou a ouvir.
OBRIGADO FAUSTO!!!
Letra: Miguel Bastos
Música e Voz: Paulo Rodrigues
Grande, grande é a viagem
Foi por Ela atrás dos Tempos
Foi por Ela até à margem
Ao som do mar e do vento
Grande, grande é a viagem
A navegar, navegar
Entre o temor e coragem
Ao som do vento e do mar
Entre turcos e corsários,
Cafres, mouros e gentios
Em pelejas, temerários
Em comércios e bailios
Ao som do baile mandado
Batem chulas, corridinhos
Em rotas e descaminhos
Até à Ponta do Cabo
Ao som do vento e do mar
O barco vai de saída
Por este rio acima
É o mar que nos chama
E que nunca, nunca termina
Ó ilha desconhecida
Ó voz antiga do mar
O barco vai de saída
A navegar, navegar
No desafio dos mares
Ergue a vela o mastaréu
Vou por Todo este Céu
Por matagais e palmares
No desafio dos mares
Num tal fragor de conquistas
Vou saber doutros lugares
E de bestas nunca vistas
Num tal fragor de conquistas
Saudade doce e salgada
Tão crioula tão mestiça
Tantas vezes naufragada
Por ser filha da cobiça
Somos nós querida Europa
Minha Pátria Lusitana
Do mais tropical sentido
Tão mulata e africana
Minha Pátria Lusitana
O barco vai de saída
Por esse rio acima
É o mar que nos chama
E que nunca, nunca termina
Ó ilha desconhecida
Ó voz antiga do mar
O barco vai de saída
A navegar, navegar
Estas cordas da guitarra
São cordame de navio
E co’as velas enfunadas
Cruzo mares, subo o rio
No bater dos tambores
Há ecos de tempestades
De naufrágios e amores
Há caprichos de saudade
Vão ao fundo, vou ao fundo
Ao outro lado do mundo
Torço o leme, viro à proa
Subo o Tejo, desço a Goa!
Oh és tão linda! És tão linda!
Tu já foste linda Rosa
Rosalinda, Rosalinda
És gaiata, és airosa
A velha saia de cambraia
Teus olhos verdes oceanos
Esse teu pé de catraia
Vão matar-me aos desenganos
E o Perfume das chuvas
Daquelas ervas babosas
Dos cacimbos e das luas
Dessas nativas formosas
Lembra-me um sonho lindo
(Ai) Um sonho de águas claras
É como um sonho acordado
A voar por cima das águas
O barco vai de saída
Por esse rio acima
É o mar que nos chama
Que nunca, nunca termina
Ó ilha desconhecida
Ó voz antiga do mar
O barco vai de saída
A navegar, navegar
O barco vai de saída
Por esse rio acima…
O barco vai de saída
Por esse rio acima…
Негізгі бет A viagem segundo Fausto
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