Engenho Poço Comprido
Vicência - PE #engenho #nordeste #engenhosdeaçúcar
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O nome do historiador é Uenes Gomes.
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O início do povoamento do município de Vicência remonta ao século XVIII, sendo consolidado a partir de 1850 quando, em terras de produção canavieira, a proprietária Vicência Barbosa de Melo mandou construir uma capela sob a invocação de Sant’Ana nas proximidades de sua residência. Situando‐se em local estratégico na passagem da vila de Goiana o povoado foi se expandindo, marcando nesta época a história de Pernambuco, quando serviu de refúgio para Frei Caneca no contexto da Confederação do Equador, em 1825. No ano de 1879 recebeu o título de freguesia, sendo elevada à categoria de vila em 1891 e, em 1928, conquista sua autonomia definitiva enquanto município.
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O Engenho do Poço Comprido, que dista 12 km da sede do município, possui típico programa dos primeiros complexos instalados no Brasil, apresentando remanescentes únicos na região de Pernambuco, como pelourinho e a varanda assobradada da casa‐grande. Uma passagem interna interliga o segundo pavimento da casa‐grande com o coro e as tribunas da capela, permitindo o acesso direto dos proprietários e, por extensão, garantindo a separação hierárquica entre senhores, trabalhadores e escravos. A capela apresenta fachada frontal com feições barrocas, dois altares laterais e um altar‐mor com teto em madeira e afresco. O volume arquitetónico composto por estes dois edifícios foi reconhecido como património edificado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional em 1962.
O engenho de açúcar foi, desde os primórdios da colonização, uma espécie de célula formadora da civilização que se implantou com a cultura do açúcar em terras brasileiras. Verificamos a existência de dois tipos de engenho: o engenho real, para agricultores de grandes cabedais (posses) e as engenhocas, um tipo de fábrica de menor proporção, necessitando o primeiro de cerca de 150 a 200 escravos.
O engenho real, tão bem representado em quadros e desenhos assinados por Frans Post (1612-1680), era movido a água e sua produção chegava a 4000 pães (formas) de açúcar, incluindo as canas moídas de sua propriedade e as dos lavradores sem engenho. Num só engenho real estariam reunidos os mais diferentes profissionais, todos indispensáveis para o sucesso do empreendimento.
Daí se fazer necessário: escravos de enxada e foice, no campo e na moenda; os mulatos, mulatas, negros e negras do serviço da casa ou em outras partes, barqueiros, canoeiros, calafates, carpinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores; um mestre de açúcar, um banqueiro (seu substituto), um contra banqueiro, um purgador, um caixeiro (no engenho e outro na cidade), feitores, um feitor-mor e o capelão.
Poucos engenhos de açúcar de Pernambuco conservam os traços dos tempos áureos da indústria do açúcar como o Engenho Poço Comprido, de propriedade da Usina Laranjeiras, aberto à visitação no município de Vicência, situado no Vale do Siriji, próximo à Nazaré da Mata. Esse exemplar dos primitivos engenhos pernambucanos aparece dominando a várzea. Sua casa-grande com o telhado disposto em quatro águas, é estruturada em madeira sobre colunas de alvenaria, em forma de edificação longa, cujo acesso à varanda é feito por duas escadas. Trata-se de uma construção mista, reunindo no mesmo edifício a casa-grande e sua capela.
O pavimento superior da lateral da capela é ligado ao pavimento do mesmo nível da casa-grande contígua. Dessa forma, garantia-se o privilégio do isolamento para os familiares dos senhores de engenho que tinham acesso a cômodos no pavimento superior, nos quais assistiam os ofícios religiosos através de tribunas na nave e na capela-mor. Localizada à direita da casa, a capela “apresenta fachada vazada por uma porta de verga reta e sobreverga de pedra com óculo lobulado ao centro. O cornijamento ondulante é encimado por frontão em volutas, cruz e pináculos. Cobertura em duas águas. Há puxadas laterais com telhado escondido e, à direita, uma porta de verga reta. À esquerda, na altura das janelas do coro, vê-se uma pequena janela retangular”.
Trata-se, pois, de um dos raros resquícios das casas-grandes do século 18, complementada pela capela contígua e pelo edifício da fábrica com a sua chaminé.
Texto: Patrimônio de Influência Portuguesa; Leonardo Dantas Silva
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