O rapper cearense (embora nascido em Brasília) Don L afirma que sua música representa uma reação ao discurso liberal que ele via no hip-hop, de celebração de conquistas individuais, e não coletivas. "Coloquei o desafio de imaginar o fim do capitalismo, e não o fim do mundo”, ele resume seu álbum mais recente, Roteiro para Aïnouz Volume Dois, em conversa com o jornalista Breno Altman no programa SUB40 desta quinta-feira (21/07).
Trata-se de uma maneira de inverter o tom derrotista tantas vezes adotado no Brasil, no rap ou fora dele: “A gente gosta da distopia. Todo mundo fica gozando com a distopia, falando da merda em que estamos vivendo. Eu quis falar de vitória, dentro de uma perspectiva coletiva, não individual”. Assim, o álbum tenta imaginar um Brasil pós-revolucionário, socialista e vitorioso, com “lastro e pé na realidade, mesmo quando cria utopias”. Seu ponto de partida é um autoquestionamento: nossos sonhos são realmente nossos, ou são sonhos da publicidade?
Impactado pela chacina protagonizada pela Polícia Militar em invasão ao Complexo do Alemão, no Rio, neste 21 de julho, o rapper fala indiretamente não de sonhos, mas de pesadelos da publicidade: "Quem não fica indignado com os moradores levando corpos não se indignaria com uma pessoa sendo açoitada no Pelourinho. Com o distanciamento histórico, no futuro, a sociedade vai ver essa violência extrema atual como a gente vê hoje o que foi a escravidão”.
O rapper defende que a música popular brasileira, e não especificamente o rap, é a trilha sonora da revolução brasileira. “O samba é muito importante. O funk é uma música eletrônica original brasileira, considero que é hip-hop também. A diversidade da música popular brasileira é a trilha da revolução”, afirma.
00:00:00 Abertura
00:06:13 Racionais MC’s, o marco inicial
00:13:54 Don L: rap é uma música muito emocional
00:19:46 Don L: “Me achava inadequado, porque o rap era muito politizado e o meu não era”
00:25:35 Roteiro para Aïnouz Volume Dois: utopia de um Brasil pós-revolucionário socialista e vitorioso
00:31:45 Revolução e comunismo: ideia de distopia é legal para quem está no poder usufruindo da desigualdade extrema
00:35:03 Todo rapper é um ser político
00:40:28 Eleições 2022: PCB, Unidade Popular, Lula
00:49:51 Rap de esquerda, sertanejo de direita?
00:54:29 O que a esquerda não fez é o que a direita diz que fez e a gente deveria ter feito: marxismo cultural
00:57:38 O mercado amansa o rap, o Brasil extermina fisicamente parte da esquerda
01:01:04 O rap é a trilha sonora da revolução brasileira?
01:07:46 ídolo político: Fidel Castro, um líder que morreu de velho
01:09:39 Quem não fica indignado com chacina no Complexo do Alemão não se indignaria com açoites no Pelourinho
----
Quer contribuir com Opera Mundi via PIX? Nossa chave é apoie@operamundi.com.br (Razão Social: Última Instancia Editorial Ltda.). Desde já agradecemos!
Assinatura solidária: www.operamundi.com.br/apoio
Негізгі бет DON L: QUAL A TRILHA DA REVOLUÇÃO? - SUB40
Пікірлер: 24