Grupo Vocal Olisipo
Tiago Rosário (piano)
Declamação final de Maria Medeiros
Último quadro de "Te Deum em Louvor da Paz" (2018)
Encomenda do Festival do Estoril
Pavana para um Infante defunto
O menino da sua mãe, poema de Fernando Pessoa
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado -
Duas, de lado a lado - ,
Jaz morto e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços extendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tam jovem! que jovem era!
(Agora que edade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe.»
Cahiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lh’a a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Elle é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lh’o a creada
Velha que o trouxe ao collo.
Lá longe, em casa, ha a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Imperio tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Nota
Preservou-se a ortografia original do poema, tal como foi escrito por Fernando Pessoa e como consta na sua 1ª edição na Revista Contemporânea, Série 3, n.º 1, p. 47, Maio de 1926
Негізгі бет E. Carrapatoso (F. Pessoa) - Jaz morto e apodrece (G.V.Olisipo / M. Medeiros)
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