- Koryu vs Gendai Budô
-Koryu são as escolas tradicionais/antigas de artes marciais. O foco principal é treinamento militar. Ex.: Ju-Jutsu (técnica/arte suave), Ken-Jutsu (técnica da espada), Iai-Jutsu (arte de desembanhar a espada), So-Jutsu (arte da lança), Kyu-Jutsu (arte do arco e flecha), Ho-Jutsu (arte das armas de fogo)…
-Gendai budō são as escolas modernas de artes marciais. Elas surgem após a restauração Meiji. O foco principal é o desenvolvimento pessoal, por meio do treinamento das artes de defesa pessoal. Muitas dessas escolas também voltam-se para a prática das artes marciais como esporte. O “dô”, que signica caminho (de uma forma espiritual) é usado para nomear essas escolas. Ex.: Judô, Kendô, Iaidô, Kyudô, Aikidô, Karate-dô… Essas escolas adotam sistemas de rankings de kyu (cores de faixas) e dans.
-Jigoro Kano nasce em 1.860 e começa a treinar koryu Ju-Jitsu aos 16 anos. Torna-se expert em 2 estilos, Tenjin-Shinyo Ryu e Kito Ryu.
-Kano acredita que o Ju-Jutsu é um legado cultural importante mas deve mudar sua finalidade. Deve ser ensinado como meio educativo para aperfeiçoamento físico e moral.
-Abre sua escola de Ju-Jutsu , a Kodokan Judô em 1.882.
-Visando melhorar a reputação das artes marciais japonesas a Kodokan cria, entre outras coisas, um código de ética (como a proibição de lutas por dinheiro) e um currículo de ensino. A ideia de Kano é que seu método seja não apenas um treinamento de luta, mas sim, uma forma de evolução pessoal. Por isso ele usa a palavra “dô”.
-Kano também enfatiza um método de treinamento baseado no randori (luta/róla ou sparring).
-Muitas escola de Ju-Jutsu baseavam a maior parte de seu treinamento na prática de formas combinadas, os Kata, em que ambos estudantes cooperavam para fazer as técnicas. Os Kata eram uma forma de treinar técnicas perigosas demais para serem usadas num treino livre.
-Kano acredita é muito importante treinar as técnicas de forma real. Para ser efetivo, não adiantava ter um monte de técnicas consideradas “mortais”, se não sabemos usá-las em um adversário que opõe resistência, não colabarativo. Para possibilitar um treino de randori com resistência total, ele precisa limitar o uso de golpes, retirando aqueles que não permitem aos alunos a aplicação de forma segura.
-Golpes seguros não são menos eficientes. Por exemplo: estrangulamentos são seguros se pararmos o golpe assim que o parceiro desistir. Senão, pode levar a pessoa a morte.
-O resultado contraintuitivo:
Aluno que treina de forma real (com resistência), mas somente com técnicas seguras, se sai muito melhor num combate real do quê o aluno que treina técnicas supostamente “mortais” de forma irreal (sem resistência do parceiro).
-Muitos alunos de outras escolas de Ju-Jutsu Koryu começam a treinar na Kodokan.
-A Kodokan se estabelece como uma das principais escolas de Tóquio e começa receber desafios de várias escolas de Ju-Jutsu tradicional, vencendo com facilidade.
-Como Kano queria mudar a imagem ruim que o Ju-Jutsu tinha na época, os desafios eram lutas com regras, sem golpes traumáticos como socos e chutes (as lutas poderiam ser vencidas por quedas, imobilização ou finalização).
-Em 1886 a polícia de Tóquio organiza um desafio (com regras de lutas agarradas, sem golpes traumáticos) para decidir qual estilo de luta seria usada no seu treinamento. São 15 lutas em que a Kodokan vence 13 e empata 2.
-Após o campeonato da polícia de 1.886 o Judô Kodokan torna-se o estilo de Ju-Jitsu mais famoso do Japão. Há uma afluência enorme de alunos de diversos estilos de Ju-Jutsu para a Kodokan.
-Por volta de 1.896 um aluno que será crucial para a história do JJB começa a treinar na Kodokan. O nome dele é Mitsuyo Maeda
-No final do século 19 a Kodokan é desafiada por Mataemon Tanabe, professor de uma escola pouco conhecida de Ju-Jutsu, a Fusen Ryu.
-Estes 2 fatos - o ingresso de Maeda na Kodokan e o desafio de Tanabe (do Fusen Ryu Ju-Jutsu) - viriam mudar a história do Judô Kodokan e do Ju-Jutsu tradicional. Consequentemente, teriam um impacto enorme no que viria a ser o Jiu-Jitsu Brasileiro.
Негізгі бет II - JIGORO KANO E A RELEITURA DO JU-JUTSU TRADICIONAL
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