A Mata Atlântica é um bioma de floresta tropical que abrange a costa leste,
nordeste, sudeste e sul do Brasil, leste do Paraguai e a província de Misiones, na
Argentina. Seus processos ecológicos evoluíram a partir do Eoceno, quando os
continentes já estavam relativamente dispostos como estão hoje. A região é
ocupada por seres humanos há mais de 10 000 anos. A partir da colonização
europeia, e principalmente, no século XX, a Mata Atlântica passou por intenso
desmatamento, restando menos de 20% da cobertura vegetal original.
É um grande centro de endemismo e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes nas terras baixas do litoral. A fauna abriga diversas espécies endêmicas, e muitas são carismáticas, como o mico leão-dourado e a onça-pintada. O WWF dividiu a Mata Atlântica em 15
ecorregiões, visando manter ações mais regionalizadas na conservação, já que
o grau de desmatamento e as ações conservacionistas são específicas para cada região abrangida pelo bioma. Tem um clima predominantemente Tropical
Úmido, com temperaturas e umidade do ar elevadas. As chuvas são regulares e
bem distribuídas.
Atualmente, cerca de 16% da cobertura original existe, a maior parte em
pequenos fragmentos, de floresta secundária. No Brasil, restam cerca de 15,3% (a maior parte na Serra do Mar), no Paraguai, cerca de 15% e na Argentina, 45% da vegetação. Na conservação da Mata Atlântica brasileira, a criação de dois
corredores ecológicos ligando os principais remanescentes de floresta no sul da
Bahia e norte do Espírito Santo (Corredor Central) e os fragmentos na região da
Serra do Mar e da Serra dos Órgãos (Corredor da Serra Mar) são de suma
importância na conservação da biodiversidade.
Os remanescentes do Paraguai e Argentina fazem parte de uma estratégia
trinacional de conservação, com a criação de corredores unindo as principais
unidades de conservação desses países e outras quatro unidades de
conservação do Brasil. A história da Mata Atlântica tem seu início há 50 milhões
de anos, quando o continente sul-americano já era uma massa de terra isolada e suas formas de vida passaram a evoluir localmente, sem transtornos
geológicos adicionais. Ao longo desse tempo, no período Quaternário, a floresta
passou por períodos de fragmentações e expansões, em decorrências das
inúmeras eras Glaciais que ocorreram durante esse período. Nos períodos em que o planeta se encontrava com temperaturas mais baixas, os refúgios eram
centros em que a biodiversidade florestal evoluía de forma isolada. Essa
hipótese pode explicar a enorme diversidade desse bioma, tal como seu alto grau de endemismo. É notável que exatamente o sul da Bahia, norte do Espírito Santo e litoral de Pernambuco são centros de endemismo na Mata Atlântica e
os registros de pólen demonstram que tais regiões eram refúgios no final do
Pleistoceno. Concomitante a relativa estabilidade no nordeste brasileiro, havia
uma instabilidade climática à sudeste, embora isso parece não ter evitado
endemismo de alguns táxons de anfíbios amplamente distribuídos. Essa
instabilidade climática no sudeste e sul do Brasil tinha como consequência o
surgimento de outras fitofisionomias que não eram florestadas: estudos
paleoclimáticos utilizando pólen demonstram que o sudeste e sul passaram por inúmeros momentos em que as florestas eram substituídas por formações
abertas, como pradarias. Mais especificamente, a Mata de Araucária, chegou a ocorrer até a latitudes em torno de 19º, muito ao norte do que ocorre
atualmente, durante as glaciações, sendo substituída pela floresta estacional
semidecidual há cerca de 10 000 anos, quando o clima voltou a ficar mais
quente.
A área original no Brasil era 1 315 460 km², 15% do território; sendo que
contando as coberturas vegetais da Argentina e Paraguai, totaliza 1 713 535 km². Atualmente o remanescente é 102 012 km², 7,91% da área original.
Fitofisionomias do bioma da Mata Atlântica são floresta ombrófila densa;
floresta ombrófila aberta; floresta ombrófila mista; floresta estacional decidual;
floresta estacional semidecidual; mangues; restingas e campos de altitude.
Tal variedade de fitofisionomias se explica pois, em toda sua extensão, a Mata
Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos
se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que
sopram do oceano. A distância a corpos d'água também tem fator
preponderante, tal como a probabilidade da vegetação ser inundada em
determinadas épocas do ano ou permanentemente (como por exemplo em ecossistemas de várzeas, outrora abundantes na bacia do rio
Paraná).
Para mais informações acesse:
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