VÍDEO_POEMA_038
Ruy Belo (1933-1978)
"A mão no arado" in «O Problema da Habitação - Alguns aspectos», 1962
Luís Miguel Cintra in «Poemas de Ruy Belo», Assírio & Alvim / Sons, 2003
Videos retirados da Internet.
Audio: J.S. Bach, “Adagio” do Concerto para Cravo em ré menor, BWV 974. Esta peça é a transcrição feita por Bach do Concerto para Oboé e Orquestra em ré menor, de Alessandro Marcelo (1673-1747).
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POEMA:
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh! como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solidário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.
Негізгі бет Ruy Belo :: A Mão no Arado / Por Luís Miguel Cintra
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