Tradição nos subúrbios cariocas, todos anos, os bate-bolas afluem da Zona Oeste e da Baixada Fluminense até as Zonas Norte e Sul da cidade do Rio de Janeiro para a realização de uma festa única em quatro dias de folia carnavalesca.
Vestidos com macacão, com bolero, com máscara, com luvas e com meiões que dividem o figurino com bexigas ou com sombrinhas, o trabalho de confecção de cada elemento do carnaval, incluindo-se as fantasias, encontra o apogeu após um ano inteiro. Organizados em turmas, os grupos compostos por vinte ou por 200 bate-boleiros representam um bairro ou uma região.
As saídas são ansiosamente acompanhadas por pessoas de todas as idades e, por isso, trata-se do momento mais importante de tão fervilhante cultura. Como não poderia deixar de ser, a celebração do marco conta marcada com euforia, com música e mesmo com fogos de artifício.
Superado o estigma da violência e da agressividade, a vaidade rege a principal mobilização do imaginário agora atrelado à trupe. Fantasias suntuosas, tênis de marca e acessórios caros integram a disputa pelo cortejo da turma mais bonita da área, ou quiçá de toda a cidade. O desfile reflete, portanto, a autoestima de homens e de mulheres negros sobretudo interessados na beleza e na força de sua cultura.
Legado intergeracional, a já quase secular luta bate-boleira faz resistir a rua como espaço de produção de mundo no qual a realidade, ou a fantasia, seja definida por termos próprios. Em reconhecimento à potência da manifestação, desde 2012, um decreto municipal sagraria os bate-bolas Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.
O Canal Preto da semana discute o legado cultural bate-boleiro e a negra resistência de rua para a preservação da ancestral memória suburbana.
Fontes de pesquisa: El País Brasil, Terra, Multirio e Voz das Comunidades.
AGRADECIMENTO:
O Canal Preto agradece aos convidados a disponibilidade, o apoio, a confiança e a partilha de conhecimento. Suas falas são a maior referência utilizada na e para a construção de todo o conteúdo publicado ao longo da semana.
Reinaldo Junior (Rei Black) - Ator, diretor e realizador. Cofundador do Grupo Emu de Teatro Negro, da Confraria do Impossível e da Segunda Black. Vencedor da categoria Melhor Ator Arte Oito de São Paulo pelo espetáculo "Para meu amigo branco" (2024). Roteirista e ator do curta-metragem "Linhas", vencedor do prêmio de Melhor Ator no Festival Cine dos Campos (2022). Vencedor do Prêmio Shell Inovação pelo Projeto "Segunda Black" (2019). Idealizador e ator do musical "Se quiser falar de amor" (2024). Diretor da peça "Amor de baile" (2024). No cinema, atuou nos filmes "Nosso Sonho" (2023), "Mussum, o Filmis" (2023) e "O Faixa Preta" (2023). Na TV, atuou no especial "Falas Negras" (2020) e na novela "Vai na Fé" (2023) (Globo). No streaming, o ator marcou presença em "Mila no Multiverso" (Disney+, 2023) e em "Beleza Fatal" (HBO, 2023).
Natan Campos - Motoboy, editor de imagens na Cabeludo Produções e bate-boleiro.
Kleber de Campos Faria (Binho) - Técnico em Lubrificação Automotiva e bate-boleiro.
#ParaTodoMundoVer: no vídeo (plano médio), vemos, nesta ordem de aparecimento, as seguintes pessoas convidadas: Reinaldo Junior (Rei Black), um homem negro de pele retinta e com os cabelos curtíssimos descoloridos, veste um conjunto (camisa e short) estampado com motivos florais e geométricos nas cores branco, preto, verde e laranja; Natan Campos, uma homem negro de pele clara e de cabelos pretos curtíssimos, veste, além de uma blusa preta estampada com motivos e com outros detalhes em amarelo, um short também preto; e Kleber de Campos Faria (Binho), um homem negro de pele clara e de cabelos pretos curtíssimos, veste uma camiseta branca marcada por uma estampa frontal e uma bermuda cinza (grafite).
Racismo. Ou você combate, ou você faz parte. Qual dos dois é você? #BateBolas
#SubúrbioCarioca #CulturaNegra #CanalPreto
Негізгі бет CULTURA NEGRA DE RUA: BATE-BOLAS
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