Há um ano, João Alberto Silveira Freitas foi morto por dois seguranças de um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre. Nas imagens compartilhadas pelos celulares, assistimos a terrível crônica de sua morte. Beto, negro, pedia pela vida, mas os homens que o dominavam não escutavam e pouco se abalaram enquanto o asfixiavam no chão. Era 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
Essa é mais uma morte anunciada no Brasil e faz parte do genocídio negro; uma face cruel e perversa do racismo estrutural, que tem moldado nossa sociedade.
Foi neste mesmo 2020 que aconteceu o assassinato de George Floyd, mais um homem negro morto por policiais brancos nos Estados Unidos. Também asfixiado, no chão, sem poder reagir. Por lá, um movimento muito grande tomou a sociedade na luta por direitos. Por aqui também houve reações. Mas não na potência que deveriam ter ocorrido. O evento fez, porém, com que tomasse força um termo ainda pouco acionado por aqui: branquitude. Por muito tempo as pessoas, assim como eu mesma, apontavam para os outros quando falavam de racismo, mas não analisávamos o nosso papel, dos brancos, no combate ao racismo. Não analisavam, sobretudo, o nosso papel na preservação do racismo vigente que se expressa também por uma política pretensamente transparente. É preciso trata da branquitude, que é um dos fatores que a desigualdade no país.
É preciso que a gente honre a morte de Beto Freitas e que reflitamos, sempre mais, sobre as perversões que o racismo traz na nossa sociedade. Que o episódio ainda chocante e inacreditável da morte assistida de João Alberto Silveira Freitas não caia na vala comum do esquecimento e do silenciamento.
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